Especialistas destacaram a importância do papel de países da região, como Brasil e Colômbia, além dos Estados Unidos, nas eleições e na eventual transição de poder, caso a oposição vença.

“Não há árbitro neutro, e o Supremo Tribunal e a autoridade eleitoral estão nas mãos do governo. Isso destaca a importância da comunidade internacional, especialmente os países da região que desejam uma Venezuela democrática”, diz Gunson, da Crisis Group.

“O Brasil, com a intervenção pessoal do presidente Lula, e a Colômbia têm desempenhado papéis cruciais. Sem essas intervenções, a oposição, como Edmundo González, talvez não estivesse participando, e a situação poderia ser semelhante à de 2018″, acrescenta.

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou sua preocupação com a retórica do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e solicitou respeito pelo processo democrático e pelo resultado das eleições presidenciais no país.

“Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que, se ele perder as eleições, vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, disse Lula, em entrevista a agências de notícias internacionais no Palácio da Alvorada.

Gunson espera que, se Maduro “tentar rejeitar a vitória da oposição ou assumir o poder ditatorial”, “Colômbia e Brasil se oponham e exerçam pressão significativa sobre Maduro para reconhecer o resultado”, observando que não prevê “um rompimento das relações diplomáticas” mesmo que esse cenário venha a se concretizar.

Feierstein acredita que os EUA também terão um papel a desempenhar “no avanço de uma transição democrática”, caso Maduro aceite a derrota.

Segundo ele, o governo Biden poderia suspender a recompensa de US$ 15 milhões (R$ 84 milhões) pela captura de Maduro, que ainda está ativa, ou, mais importante, retirar a acusação de tráfico de drogas contra o líder venezuelano e outros altos funcionários do governo.

Para Gunson, “uma recuperação completa da Venezuela só será possível se o resultado da eleição for reconhecido internacionalmente e se houver uma restauração da normalidade, começando com a suspensão das sanções”.

“Além disso, o governo precisará mudar significativamente sua abordagem em relação às políticas econômicas e sociais e restaurar o Estado de Direito”, completa.