Um policial civil e uma advogada são suspeitos de repassar informações sigilosas de investigações policiais a traficantes ligados a um grupo criminoso que atua em Colatina. Os dois foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPES), que aponta que o vazamento comprometeu o cumprimento de mandados judiciais e favoreceu a destruição de provas, além da ocultação de armas, drogas e outros materiais ilícitos.
A denúncia foi apresentada há cerca de um mês, mas ainda não foi avaliada pela Justiça local. O MP solicitou a suspensão do sigilo sobre o processo e o afastamento do servidor de suas funções. Apesar disso, apurações indicam que, embora não atue na mesma delegacia, o policial denunciado continua trabalhando no mesmo prédio em Colatina
As investigações mostram que o vazamento teria ocorrido entre 2022, quando a operação ainda estava em fase de preparação, e meados de 2023. A ação policial foi deflagrada em abril de 2023 e tinha como alvo 30 pessoas. Na ocasião, 21 foram presas em cumprimento de mandado e outras três em flagrante, totalizando 24 detidos. A expectativa era de efetuar todas as 30 prisões previstas.
De acordo com o MP, os dados repassados incluíam a existência de mandados de prisão, a data da operação, a identidade dos investigados e até detalhes sobre o andamento das apurações. A suspeita é de que o policial extravasava informações diretamente da investigação e a advogada as transmitia a clientes ligados ao grupo criminoso. Há ainda a citação de um suposto relacionamento extraconjugal entre os dois no período em que os fatos ocorreram.
Mesmo com o comprometimento parcial, a operação conseguiu reunir mais informações que auxiliaram as investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Norte). Os nomes dos envolvidos não foram divulgados, já que o processo segue sob sigilo.
Em nota, a Polícia Civil informou, por meio de sua Corregedoria, que há um inquérito e uma investigação sumária em andamento contra o servidor, que permanece em atividade em Colatina “uma vez que as investigações ainda estão em andamento”.
Já a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Espírito Santo (OAB-ES) não se manifestou sobre o caso.